quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Estado Novo

No Metro de Lisboa existem uns pórticos para controlo de entradas e saídas. De um modo geral, apenas quem possuir o título de transporte válido está legalmente autorizado a viajar neste meio de transporte colectivo. A empresa é uma Entidade pública empresarial e tem fim lucrativo.

A cidade de Lisboa tem vindo a ser desenhada e projectada nos últimos 50 anos para que apenas os que possuam acesso a transporte próprio possam movimentar-se rapidamente. Também os que que possam dispender da quantia necessária para pagar um Táxi estão contemplados por este suposto direito consagrado na conspurcada Constituição Europeia.

Os novos estilos de vida da modernidade tardia aliados ao egoísmo assim o ditam. Ao contrário de outras cidades europeias, os transportes na área metropolitana de Lisboa são escassos e mal articulados. Existem centenas de títulos diferentes para a utilização dos transportes colectivos de passageiros outrora públicos. Os horários são desadequados às reais necessidades da população. As condições de higiene são muitas vezes precárias e insalubres.

Nos pórticos do Metro de Lisboa, na Estação Colégio Militar/Luz (Centro Comercial Colombo), no passado mês de Dezembro de 2014 estava um rapaz jovem no meio de uma operação de fiscalização. Saltou um pórtico de controlo. Não possuía título de transporte válido. A sua reacção foi fugir. Foi agredido por um Fiscal do Metro de Lisboa a pontapé. Rapidamente outro fiscal juntou-se para o agarrar. Passados uns momentos juntaram-se dois agentes da Polícia de Segurança Pública. Ordenaram que se encostasse a um painel publicitário "MUPI".

O rapaz tinha indumentária com aspecto delinquente, marginal. Era um “freak”. Manifesta falta de higiene e provavelmente não via no trabalho um meio de sustento. A situação era picaresca.

Não devemos tolerar a violência. Muitas pessoas pararam a observar o espectáculo. Suspeita-se que os fiscais do Metro de Lisboa já conheciam o jovem “freak” como transgressor. Talvez até os polícias. Mas aquela ocorrência terá sido eventualmente de carácter exemplar. Uma demonstração de autoridade.

Assim de repente, faz lembrar a cena da “PIDE” no filme Estado Novo de António de Oliveira Salazar.